terça-feira, 12 de outubro de 2021

3 Paradas Que Aprendi Com A Escrita Terapêutica




    A escrita terapêutica é simplesmente a prática de escrever deliberadamente por alguns minutos, podem ser 10, 20, 30... bicho tem gente que vai 1h escrevendo sem parar. O que se escreve é muito simples:

tanto faz.

    Pode ser o que aconteceu no dia anterior, o que você espera pra hoje ou pra amanhã. Como você se sente sobre determinado assunto -- família, relacionamentos, amizades, trabalho, futuro-- ou qualquer outra coisa que vier na sua cabeça, pois a meta aqui é justamente escrever sem qualquer julgamento, contanto que você escreva sobre algo. Com base na literatura, na psicologia e na minha própria experiência nessa prática, vou descrever 3 coisas que aprendi com a escrita terapêutica. Mas que experiência é essa? Eu te conto

     Da primeira vez que ouvi falar desta prática, ela estava dentro da roupagem da morning pages, ou seja, atrelada à uma rotina matinal. Isso foi no final de 2018, quando num sábado eu cheguei do trabalho, capotei no sofá e quando acordei meu celular estava tocando vários vídeos da Amy Landino. Depois ouvi com o Matt DÁvella, depois com a Dafne Amaro... Mas só em um seminário de psicologia do trabalho descobri o nome Escrita Terapêutica. Tenho feito isso desde 2019, quando aceitei trabalhar em 2 empregos, o que me fez ter uma carga de trabalho de 50-60h semanais. Eu sabia que ia surtar, pois já sofri burnout anteriormente, então achei que seria interessante escrever diariamente como eu me sentia para que pudesse analisar melhor o meu estado mental. Na maioria das vezes, tem dado certo, e vou falar agora o que aprendi com isso.



1- Você se torna capaz de ver as coisas de uma perspectiva de fora.

    Ao escrever o que quer que seja no papel, você naturalmente consegue colocar uma distância física entre o que você está pensando -- e escrevendo -- e você. Com isso, muitas vezes você se torna capaz de enxergar a sua própria situação como se você não fizesse parte dela. Sabe aquela coisa de ser ótimo em dar conselhos, mas ser péssimo em seguir seus próprios conselhos? Quem sabe se colocando fora dos seus próprios problemas você não consegue se dar conselhos melhores, mais fáceis de seguir?

2- Cê pode se surpreender com o que escrever.

    Como você, ao longo do processo de escrita, está constantemente se percebendo por uma perspectiva de fora, você pode se surpreender com o que pode aparecer ao longo do texto. Nós muitas vezes não conseguimos seguir uma linha de pensamento introspectiva de forma honesta, e quando nos damos a oportunidade de perseguir isso, nos deparamos com verdades brutais. Entretanto, nem sempre ruins. Quando digo que você pode se surpreender, digo que você pode ter momentos de muita empatia e gentiliza consigo mesmo. Vai me dizer que você não quer empatia & gentileza?! 

3- #datecomigomesma.

    É um momento legal de colocar uma música, quem sabe ir num café, ou um restaurante maneiro... Ir num parque ou uma praça, caso você esteja sem grana. E simplesmente aproveitar o momento. Eu mesmo fazia isso nos dias que trabalhava nos meus dois empregos. Eu lembro que tinha exatamente uma hora livre entre chegar de uma cidade à outra e começar meu outro turno. Pô, eu tomava um suco, ou comia uma fatia de torta na padaria chique mais próxima. Às vezes até variava a padaria chique. No fim das contas, apesar de parecer idiota, eram momentos legais, dos quais eu me lembro até hoje.



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Espero que tenha gostado do texto. Comenta ai o que você achou, se já conhecia a escrita terapêutica ou já pratica/praticou isso. Eu gostaria muito de ouvir de você que leu até aqui.


Falou!

sábado, 9 de outubro de 2021

O Nuncapronto





 É cansativo!!

Você corre, você anda, pra frente, pros lados, pra trás, de costas. Porra, cê até se arrasta. O foco é claro, a determinação também. Ainda assim, o que resta a se fazer fora ter paciência para se manter diligente? Ter diligência para caminhar nem que seja um pouco? Caminhar para limpar a mente? Limpar a mente para ter paciência?


É frustrante!!

O sempremfrente, o semprumpouco, a semprepaciência nos deixam semprefocados e nuncadistantes do nosso propósitometa, e a mentafilosofia de que as coisas são semprepossíveis enquanto continuarmos nunquestáticos  nos reconfoca mas também nos recoenforca numa corda preparada por nós mesmos. E o sempremfrente, semprumpouco se tornam o nuncapronto, o nuncafeito, o semprelonge. E não me leve a mal aqui, é importante estarmos sempratentos a nós e aos outros, mas nessa de "como posso estar perdido se não tenho nenhum lugar pra ir" a angústrospecção se torna "como posso estar seguindo em frente se eu nunca vou pra lugar nenhum?"


Until you take action, you're standing still."

-Matt D'Avella.

domingo, 26 de setembro de 2021

Aceitação




 Tenho subido cada vez mais alto nesta montanha. O sucesso. O topo, o pico. Me tornei mestre do meu domínio e nada mais me fere. Não existe acaso que me abale, não existe golpe que me machuque. Aqui no topo da montanha, além do horizonte, não existe nada! Aqui no topo não existe resquício de história, nem natureza que não esteja morta. Não existe companhia. Tudo que existe aqui sou eu, e vivendo no momento plenamente, percebo que minhas únicas opções são ou me bastar ou desistir de tudo e descer. Voltar. Mas assim como Zaratustra se tornou incapaz de ressuscitar  Deus em seu coração, me é impossível descer da montanha.


Mas infelizmente, não me basto para ficar aqui, somente eu a montanha e o horizonte. Preciso descer, o que quero está lá embaixo, mas não posso mais ir lá buscar. Impossibilitado de voltar, impossibilitado de ficar. Neste momento me vem a própria e pura angústia. Dor de existir. O desespero de Johannes Climacus ao dançar com alguém que não fosse a morte. Johannes Climacus. Se a religião nada mais é do que um salto de fé, tiro a prova aqui mesmo e pulo na certeza de que encontrarei o que me ligará de novo com tudo e todos que deixei lá embaixo. Traindo o desejo de quem me amou mais que tudo no intuito de me salvar, percebo a perspectiva da linha do horizonte, antes tão baixa, caindo gradativamente, eu na altura do Sol, o vento cada vez mais forte, e toda a sensação de liberdade e excitação pela adrenalina... simplesmente não existe. Antes, somente eu a montanha e o horizonte. Agora, eu a queda e o vento. Já não correspondo como deveria as coisas que acontecem ao meu redor ou até mesmo comigo. E na corrida de subir a montanha, precisei pular do precipício para entender que eu sou a montanha agora. E agora só me resta viver neste momento, igual vivi lá em cima. Se eu tivesse pensado melhor, teria pulado de paraquedas para deixar uma mensagem lá em cima depois, não quero que outra pessoa precise mergulhar lá de cima pra entender que não existe escolha uma vez que você entende que você só pode se bastar para viver. Teria sido bom ter entendido isso antes, pois agora não tem mais jeito. Não que seja algo ruim ou bom, mas nada vai mudar. É só isso. Toda a nossa experiência é só isso, e na ignorância do pouco que vivi, sinto que já vi o que o mundo é e o que ele tem pra mim. Mesmo tudo mudando tão de repente aqui embaixo, aceito a condição e vivo cada segundo como se fossem uma vida em si até que o horizonte se torna sombra , minha chegada trovão, e finalmente do topo chego até o chão.


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Tenho um pedido: estou coletando feedbacks sobre os meus textos. Então se você se sente confortável em dizer o que sentiu deste ou dos outros escritos, por favor, comente!

Muito obrigado.

domingo, 19 de setembro de 2021

O Que Nos Cabe


  


  As pessoas eventualmente falharão conosco. É inevitável. E essa falha vai doer na gente, talvez vá doer nelas também. Causará ansiedade, desânimo, até mesmo a perda do senso de propósito em dada relação.

Pra quê que sigo insistindo aqui?

    Talvez, seja porque você se importa. Seja numa relação no trabalho, com amigos ou aquele alguém especial (me sentindo muito engraçado agora), você percebe que pode tirar muito valor dessa relação, e que a pessoa ou pessoas que você busca construir laços também podem tirar algo do que você tem a oferecer. E, ao falharem com você, é como se elas tivessem atacando a sua boa vontade e disposição em se oferecer à elas, afinal, é um sentimento tão genuíno, sincero, proativo. Por que fariam algo assim?? Porra, é um sentimento tão bom.

Só que não acredito muito nisso, não. Pra mim, somos um pouco mais cruéis que isso. Egoístas. Pra mim, não somos tão altruístas assim.

    Fora nos momentos em que somos tomados pela droga mais poderosa do mundo -- o amor -- eu acho realmente difícil se importar genuinamente quando falhamos com alguém. Mesmo quando o Deus-Sociedade nos obriga com sua força onipresente a nos importarmos com os outros, é mais pela coerção social do que por nós mesmos que praticamos o se importar. O motivo tá simplesmente na nossa gana, nosso ímpeto eu buscar satisfazer as nossas necessidades, a vida é uma constante busca por esta reparação. E quando a nossa expectativa de ter a recompensa não se paga, bom, é normal nos sentirmos frustrados. Não é um valor adquirido, mas um sentimento genuíno. A onda que a gente sente quando o que necessitamos dá certo é dopamina pura. Puro ahegao. 

Mas, novamente, não acredito muito nisso também, não. Nos importamos somente com o que sentimos, sem qualquer consideração pelo outro. Mas o Egoísmo não é o único traficante que te dá o barato que cê precisa.

    Sinceramente não sei te dizer em que medida isso é uma programação do Deus-Sociedade. Ou mesmo se é uma necessidade que ficou engendrada em nossos genes desde a época do homem das cavernas, como a ciência norte americana adora postular. Mas a real é que a gente só curte ser útil. E de alguma forma, acertar com os outros satisfaz nossa própria busca por prazer. É por isso que é legal ajudar alguém. Ver que alguém se abriu com você, ou confia na sua presença. Que alguém te admira por aquilo que te define como único com relação ao resto do mundo que vocês acessam. Quando tiramos nosso próprio valor do ter valor para quem nos importamos, satisfazemos não só o altruísmo inerente ao que aprendemos ser bom e recompensador, mas também ao egoísmo sádico que nos faz virar os olhinhos de prazer.  Em contrapartida, você deve entender o que é o amargor na boca quando falhamos com as pessoas para as quais queremos ser úteis, das quais precisamos contorcer para ficarmos bem. Não tem outro nome, não tem conceito,

É culpa.

Nós nunca somente falhamos em fazer algo. Falhamos também com as pessoas que contavam conosco. E conosco, uma vez que ao contrário dos elogios e glórias advindos do nossa solidariedade, recebemos pesar, chateação, resignação, traindo nosso prospecto de satisfação egocêntrica por não termos sido suficientes. Naturalmente, como a boa teoria psicológica ensina, à nós cabe, primeiramente, aceitar. Ficarmos confortáveis com a ideia de que nem sempre faremos o melhor. Às vezes, você vai querer machucar alguém, e vão querer te machucar também. Às vezes, mesmo você querendo se curtir e curtir o momento, você vai ferir alguém. E será ferido também, muitas vezes pelos motivos mais idiotas. O que não é necessariamente sua culpa, mas também, se você não se resolver, cara,

Quem é que vai?

O que nos cabe é justamente reconhecer que nós como indivíduos falharemos perante o Deus-Sociedade e seu rebanho, e também entender que não importa muito quem é que esquentou essa batata, se a música acabou e ela caiu na sua mão, ela é sua pra cuidar. E talvez seja interessante pensar em formas de mitigar a dor da queimadura. Tanto pra você, quanto pros outros.


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sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Inferno.





     

        Esse é o tipo de coisa que me leva ao extremo

        Que me dá vontade de correr de frente ao carro inevitável que vem de encontro ao meu ímpeto

        Tamanha a raiva que me faz sentir

        Tamanho é o inferno que me faz sofrer

        Mas, Divina é a memória em nossos corações

        O acaso da morte, o milagre da fé

        A garra à vida, a constante angústia

        E só me é preciso um instante


        Eu daria minha vida por você

        Mas não posso abrir mão dela tão facilmente assim

        Não pela sua ira

        Não pelos seus erros

        O que esse inferno faria com você?

        O que meu sacrifício diria de mim?

        De você não sobraria nada

        Eu seria somente um desertor

        Daquilo que me é mais precioso

        Por isso nos meus olhos se encontram a serenidade de quem daria a vida por você

        Mas simplesmente não vai.


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domingo, 12 de setembro de 2021

Agora Eu Sei.




Agora convivendo com as duas maiores pandemias da atualidade, acordei para uma nova percepção. Às vezes achar que sabe pode parecer suficiente, mas nada é mais valioso do que o saber. E na minha mente eu achava que sabia várias coisas. Eu achava que sabia o que o outro estava pensando, fazendo, achando de mim e dos outros. Achava que sabia lidar com a tragédia, caso ela ocorresse. E que sabia como me sinto. E numa viagem sem fim pelos universos paralelos, todos resultados dos meus múltiplos "e se...", me vi perdido dentro da minha própria cabeça. O mais preocupante:

Dentro da minha própria ignorância.

Acho graça do tolo que diz "ignorância é uma benção". E gostaria de falar dele mesmo, o mais famoso de todos, para ilustrar meu ponto: O El cananeu, e o Yavéh, dos semitas -- Deus. Particularmente, apesar de interessado, não sou stan Dele. Mas quem é, por exemplo, não é agraciado por ele por não saber de que ele existe, e que age na vida de todos que creem ou não. É justamente por saberem que são abençoados. Como eles sabem? Ah minha amiga, meu amigo,

Vai saber!

O que quis dizer com isso é que é justamente sabendo que podemos aceitar as coisas, ficando então em paz com sua constatação na existência. Foi sabendo que parti feliz de seus braços. E foi ponderando que quis voltar. Foi perdido em condicionais que nunca mais pude conversar com você. Mas foi vivendo o que aconteceria que pudemos dizer um "te conto depois sim" com gostinho de "até nunca mais". Foi vivendo na ignorância que me prendi num mundo onde só estava ao meu alcance aquilo que podia desenhar, foi supondo que me prendi. Mas agora, o mundo certamente está cheio de esperança. Pois agora, 

Agora eu sei. 

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domingo, 5 de setembro de 2021

O Vinte e Oito


 


Não sou muito de acreditar no Céu. Mas não tem um inferno do qual eu duvide.


    Escrevi essa frase ali há um mês atrás, mais ou menos, pois foi o dia em que começou o meu inferno astral. Não acredito em signos. Não acho que sou regido por estrelas mortas. Mas eu nunca vou ter a coragem de duvidar do inferno. E posso até peitar o demônio, mas nunca vou duvidar de sua maldade. Se você é brasileiro, sabe bem aonde nos leva duvidar da perversão alheia. Não acreditar no melhor, no bem me garantiu ficar mais um ano aqui. E por mais que este seja um caminho interessante para se abordar, vim falar de outra coisa: Do inferno em si.

    Tem sido um mês horrível, um pouco mais de um mês de azar na verdade. E passei por todos os sofrimentos que você pode imaginar, isso sem contar as doenças e acidentes que tive ao longo desses 40 dias. Dormir foi um inferno, trabalhar foi um inferno, cair foi um inferno, levantar também. Ser eu foi um inferno, pois eu não acertei uma o mês todo. Fui insuficiente, infantil, egoísta, tomei por certo o que não devia ter tomado, regredi em comportamentos que já haviam sigo expurgados-- escrever às 3 da manhã apesar de super nostálgico e jovem, é uma das últimas coisas que eu queria pra minha vida agora -- e, pra quem prometeu destruir tudo que não podia ser curado,

BICHO!!!

eu to só a Miley Cyrus. E ontem especialmente, puta merda, tudo que podia dar errado, deu. 


    Ainda assim, mesmo começando meus 28 com os 2 pês esquerdos, acho que nunca me senti tão bem. Ao aceitar o que aconteceu, o que fiz, sem pesar pra cima ou pra baixo as coisas, só me resta acolher e seguir em frente. Ao olhar pra trás, percebo que boa parte do que plantei nos últimos anos foi queimado pelo fogo das minhas próprias incertezas, raivas, tristezas, desesperos. Mas, felizmente, nem toda planta queimou. Muitas dão frutos até hoje. E até mesmo consigo perceber brotinhos surgindo do chão ferido, trazendo vida nova pra uma plantação que já viu dias melhores. Vai ver é a sina da castanheira nascida no cerrado, 

precisa de pegar fogo pra florescer.

terça-feira, 31 de agosto de 2021

A retratação de Birgitta Lundblad





Como eu não sei
Você acabou comigo
Me partiu o coração
Eu te salvei da morte
E você me matou em retribuição

Eu realmente não sei
Mas de alguma forma juntei
Todo o amor que tive e te dei
Enquanto você em noites quentes
Metropolitanas
Se mostrava distante e ciente
Uraniana
De meu humor fez algo cative
E só posso esperar que cultive
De natureza obediente e crente
Aquilo que sempre contive
Profana

Ainda que se mostre inútil
É cabida a retratação
Pois maior que o meu antigo obrigado
Se mostra o quanto eu me sinto obrigado
A retirar qualquer gratidão
Que já lhe dediquei em tom gentil

domingo, 29 de agosto de 2021

Até O Pescoço




O que mais podemos fazer?? Nós não podemos achar nossa situação ruim, não podemos ter raiva, não podemos ficar tristes. Muito menos ficar revoltados com os outros. Não podemos dizer não. Mas não podemos agradar todo mundo também. Não podemos ser alheios às necessidades das pessoas ao nosso redor, não podemos julgar antes de conhecer, não podemos reagir explosivamente também, pois isso é um indicativo do quão despreparados e instáveis podemos ser para os outros. Não podemos ter o que queremos, nem o que precisamos. Não podemos esperar, muito menos não esperar. Não podemos comprar carne. Não podemos sair de casa, mas não podemos mais pagar o aluguel também. Não podemos não ter calma. E não podemos ter uma sexta pra encher a cara na internet. Não podemos ter finais de semana, nem um dia de descanso. Não podemos ter nosso próprio espaço. Não podemos não ceder. E a gente não pode desistir nunca. Nunca.

E ai eu te pergunto:

Como esperam que a gente continue vivendo com esse tanto de "não podemos" até o pescoço?? Eu sei lá a resposta, e francamente não poderia ligar menos pra ela. Afinal, se tem uma coisa que a gente não pode nunca fazer,


É perder a cabeça.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Como me sinto sobre você parte 3:


 



Basicamente, pesar.


Porra, o que aconteceu sabe? Ninguém era melhor que a gente. Quem te entendia melhor que eu? Quem me entendia melhor que você? Como a gente se perdeu?

Eu tenho todas as respostas

Mas ainda assim, é meio difícil acreditar nelas, sabe? Ontem mesmo eu tava ruminando sobre esse luto e como nesse caminho até a aceitação eu sou só raiva. E tristeza. Eu não sei porque você mentiu pra mim, realmente não sei. Não sei o que você ganharia com isso também. Eu realmente achei que a gente sentia o mesmo um para com o outro. Amizade, parceria. Gostar de estar perto.

Amor

E é por isso que não consegui entender o porquê você deixou de me procurar. Eu te procurava. E você procurava todo mundo. O que será que fiz de menos?? Quem fez por você mais do que eu fiz?? Não importa. Nada disso importa nem nunca importou porque a gente antes de ter consideração sempre teve uma relação. Agora nem sei se isso importa mais, afinal,

Você já partiu daqui.

Mas eu ainda to aqui. E meu mundo está repleto de fantasmas seus caminhando pelos corredores, me olhando de relance enquanto sai da sala para cozinha. Enquanto eu volto pro meu quarto. E tudo aquilo que a gente teve parece um sonho desperdiçado. Tudo aquilo que a gente não teve é gosto de ferro. Tudo aquilo que a gente poderia ter

É um choro que eu guardo comigo pois tenho medo de não conseguir segurar caso o solte um dia.

Um dia, num velório, o corpo de um pai esperava a hora de sucumbir à terra. Aos pés do caixão, sua filha esperneava incrédula, chorava um grito de quem parecia estar sendo cortada ali mesmo. O padre em serviço, ao testemunhar a cena, dirigiu todo seu discurso para essa filha. E a disse como o desespero perante um morto nada mais é do que o remorso pela palavra não dita. Do perdão não concedido e recebido. Eu a olhava com certo desgosto na época -- pelo menos mostre respeito pelo seu pai. -- Mas hoje me vejo nela. Remoído e desesperado. Inconsolável.

Chiliquento.

Chega a ser engraçado né?! Puta merda... Como odeio passar por isso. Você é tão importante pra mim e agora nunca mais. Cê tava ali ontem. E hoje? Só sua sombra. Seu vulto. E a lembrança do último tchau  que você me deu. Quem diria né? Foi só você partir que eu nunca mais te vi de novo. Eu não sabia que sentiria tanto a sua falta assim. Mas também,

Do que adianta agora?