Hoje eu tive um sonho.
E nesse sonho, eu te perdia. Eu tava lá, você também, e você chama ele pra conversar. Sem muitas palavras, você diz "eu vou embora". Você estava do lado de onde eu fico, mas por algum motivo do lado esquerdo. "Eu quero ir embora", você falou pra ele. Ele busca entender o que estava acontecendo, "está difícil pra todo mundo mesmo..." -- ele comenta. Você responde, "eu só não aguento mais tomar no cu assim, sabe", enquanto dá aquela risada que poderia muito bem ser um grito de desespero, ou um choro angustiado. Eu vejo a movimentação de onde fico, vocês indo conversar em uma sala maior, mas por algum motivo ela e o corredor ficam do lado esquerdo agora, como se o que tinha ali pudesse sair do lugar. Em menos de cinco minutos, vejo você indo embora, como se eu pudesse ver você indo pra porta. Você já foi. Não olha pra trás, não busca me ver antes de partir, partindo meu coração na saída. Antes que eu pudesse processar, ele volta, estamos conversando agora. Me pede para remanejar meus documentos, dar um título à eles. Eu não entendi. Perguntei o que faríamos sem você, se você tinha ido embora mesmo. Ele disse que sim, e que teríamos que lidar com isso agora.
"It's there... and then it's gone". Eu nunca parei pra notar o quão fácil é pra você simplesmente ir embora. Pra ser sincero, nunca pensei que você iria partir, mesmo depois da fissura. Não sei o porquê, também. É natural querer ir embora de uma situação desagradável, né? E convenhamos, já tivemos dias melhores. Eu não soube fazer nada quando a gente tava bem, nem quando a gente ruiu, nem agora que a gente acabou... e eu não saberia o que fazer quando ce for embora. Não entendem como alguém brilhante pode estar feliz nadando em bosta, mas pra mim faz bastante sentido. O que não entendo é como você se contenta com isso também. Talvez a razão da minha esperança está ai. Como alguém que nunca uma vez na vida esteve satisfeita com algo pode aceitar o que eu aceito também? Que outros "eu aceito" conseguiria ouvir você falar, poderia te falar também? Delirante né?! Eu sei, mas se tem duas coisas que sempre fui, uma delas é sonhador.
A outra, é trágico.