link para o texto em áudio: https://open.spotify.com/episode/2t5oy4xsOpjywGBNBNsiMA?si=16e98a4b68eb4f1d
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Ontem descobri que não estou sozinho. E foi através de uma dessas pessoas famosas da internet, que claramente não sabe que eu existo, mas que passa a mesma coisa que eu. Talvez até de forma mais intensificada, pois dessas coisas pra mulher é sempre pior. Olha só, quem diria,
o running alone
olhando pro lado e encontrando alguém. Que loucura! Acho que por isso que ainda insisto em textos ridiculamente pessoais aqui, vai que ajuda alguém. Já recebi muitos relatos de gente que curte, que tira algo daqui. Muito hate também, mas não poderia ser diferente né? Como sou uma pessoa de convicção,
a violência é inevitável.
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Não quero ser um peso pros meus amigos, pra minha família, principalmente nessas coisas. Tá todo mundo passando por uma barra né, então busco guardar minhas derrotas e vitórias nesse sentido. Mas a vida tem seguido. Eu tenho mudado. Eu sofri um acidente de moto e precisei sair do mundo, e quando voltei você foi embora e isso acabou comigo. Já te disse isso. O que eu não te disse é que eu prometi mudar completamente pra melhor. Me tornar o uma outra coisa, melhor, pra poder ser digno de falar de você pros outros, tanto que quando as pessoas relembram com saudade o seu nome, minha boca se cala. Não mudei o suficiente. Você me disse que a gente ia conversar no futuro mas sei que essa conversa nunca mais vai acontecer. Toda semana eu sonho com esse reencontro, e mesmo nos meus sonhos não me permito me reencontrar contigo, pois sei que preciso mudar muito ainda. E quando meus pensamentos me traem e nos reencontramos, é exatamente como eu sonho que seja. Muita mágoa, muita raiva, muitas lágrimas, mas no fim nossas mãos estão dadas. Cê sempre soube de onde eu venho, eu sempre soube de onde cê vem. E de repente estamos voltando pra casa, no seu carro velho, eu te ouvindo cantar. Tudo que é verde sendo verde, o azul sendo azul, o amarelo sendo amarelo, o cinza sendo cinza. A gente estando onde tem que estar, tudo no seu lugar.
Mas então eu acordo. O vermelho da luminária tá preto, o amarelo da cadeira tá preto, meu cobertor dourado tá preto. E o que é claro tá cinza. Você não tá lá.
Nunca esteve.
E então vida que segue. Percebo que foi um ruído, e então olho para o que tenho. A manutenção da vida, a busca por propósito. Correndo sozinho. Se eu vejo tudo isso como um erro, terrível, me perco. Isso tudo é a minha verdade, e é aqui que tenho de estar.
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Acho que finalmente entendi como que se escreve do jeito que tenho escrito nos últimos 12 anos. Demorou né? Mas em contrapartida, devo lembrá-los que não sou o cara mais esperto. Muito pelo contrário, estou muito mais pareado com o cara mais burro, um passo à frente somente por reconhecer isto. As pessoas adoraram o Órbita, e viram todos os meus acertos. Mas ninguém viu o quão feio foi o erro que cometi ali. Não sou eu quem dá a palavra final. Nem ninguém. Não posso fazer como fiz no Órbita, onde expus os fatos, os dados, dei os atores e a história como categoria científica. É errado da minha parte achar que posso dizer como algo aconteceu. Só quero transpor o que penso e sinto sobre as coisas que vivo, me curar das dores que me afligem a alma e, se me puder ser concedida tal generosidade, destruir tudo e todos que entram em contato com isso no processo. Mas no bom sentido. Preciso destruir todos vocês porque de nada adianta cês lerem o que eu ponho aqui se cês tão lendo ai de cima. Desce aqui, sente no peito o quanto a vida é terrível, e aí cê vai sacar o que quero dizer.
FALOU!!