domingo, 3 de setembro de 2023

Como me sinto sobre você - Parte 4:


O problema do coração partido é que ele continua se quebrando. Essa frase na verdade é de um texto sobre doenças cardiovasculares, mas como li a frase num papel com o seu nome, eu levei pro pessoal. Na ruptura no mundo você sabe bem que ousei te perguntar se poderia te mandar mensagem antes de dizer aquele 'até logo' com retrogosto de adeus. O que você não sabe foi o que eu escondi atrás daquele "mais pra frente". Como ainda estava viciado em esconder coisas de você, não pude resistir à ideia de esconder mais uma intenção minha: A de um dia de fato te procurar, mas um novo eu, melhor do que o se despedia de você naquele momento, talvez o mesmo eu de sempre, mas de antes da ruptura começar. E mais uma vez e de novo, me joguei no mundo, carregando nada além de uma mochila nas costas e uma esperança no peito. Nada mais perigoso que um homem completamente iludido de que está fazendo o seu melhor, não é mesmo? Embriagado deste sentimento conheci novas pessoas, cortei meu cabelo, me abri à novas experiências, realidades, atividades. E nesse processo reconheço que, ainda que nada excepcional, me tornei alguém ligeiramente mais interessante do que eu era.

Mas a ciência fala mais alto: O problema do coração partido é que ele continua se quebrando. E comigo não foi diferente. Eu conheci novas pessoas e você não estava lá pra comentar comigo. Cortei meu cabelo e eu tenho quase certeza que você nunca viu. E mesmo tendo aproveitado ao máximo todas as novas experiências e realidades e atividades eu ainda trocaria tudo pela pizza de 10 reais que a gente comia toda quinta depois do trabalho. Dizem que a prática leva à perfeição, né? Eu sei que sim porque nada era mais perfeito do que o hábito de falar com você todo dia.

Dizem que aceitar é o primeiro passo para a mudança. As melhores páginas sobre relacionamentos no Instagram me dizem "você tem medo de abrir mão do que sente pois isto é tudo que te restou!" Pô, é uma frase INTERESSANTÍSSIMA pra quem ela de fato faz sentido. A questão é que há anos aceitei que você não volta mais, eu alcançando o meu próprio Übersmansch ou não. E abrir mão do que sinto por você eu abro todo dia, o problema é que não tem nada melhor pra eu pegar. E ao invés de medo o que sinto é um leve desespero por você não ter saído da minha cabeça ainda. Então resolvi colocar o que sinto no bolso e simplesmente seguir minha vida. Eventualmente isso vai ter que passar, como tudo passa. Você passando por aqui ou não. E um dia eu vou esquecer como eu me sinto sobre você igual já esqueci de todas as outras formas que já me senti sobre você um dia. Um dia esse dia chega. Nem que eu tenha que morrer pra isso.