Mas hoje não é dia de pensar nas desgraças da vida, nesse monte de gente de merda que inferniza a minha realidade e me deixam bravo e triste. Hoje não é dia disso. Como falei anteriormente, hoje é dia de celebração. Tenho que deixar minha família na casa da tia, pois hoje usarei o carro. Tenho um programa especial para você. Primeiro almoço com sua família e amigos. Só to levando cerveja e o presente que minha mãe comprou para ti. O almoço está ótimo, agradeça sua mãe por mim. Os relatos sobre as viagens à Europa, pontos históricos de Portugal e Alemanha nunca me cansam, adoro ouvi-los, mas não tanto quanto tanto como as histórias dos vasos que quebraste, dos lençóis que recortaste ou sei lá.... de ser a primeira garota de quatro anos de idade a sair pelada pela escolinha por não suportar a roupa suja de tinta. Depois de muita conversa e risada com seu povo, é hora de irmos para o museu. Que conveniente né? Logo hoje tem a programação que você gosta: música pós-grunge com batida eletrônica e um tom a mais de depressão e solidão, cinema antigo e exposições de coisas sem sentido concreto que deveriam trazer paz e ordem emocional para o turbilhão de anseios que levamos na alma. The Wombats é a trilha sonora dessa noite, mas o DJ não está tocando isso. A gente vive uma noite para ser lembrada por todo tempo que tivermos nessa vida. Afinal, hoje é dia de festa, comemoração. A noite acabou, mas hoje não. A longa festa neste ponto jovem e cheio de vida da cidade drenou por demais nossas energias, e portanto, devemos comer. Hoje seria perfeito para um subway, mas o certo é pizza, que por sinal hoje estava melhor do que nunca. De fato, hoje foi um dia singular, tudo foi arquitetado para ser bom para você, afinal, hoje é hoje. Mas hoje não acabou, pois eu tenho ainda meu presente para te entregar, e meu amor para oferecer. Até que enfim durmamos e o hoje se acabe.
Este hoje ainda pode acontecer. Mas somente para você.