domingo, 29 de junho de 2014

Do medo da descoberta do encanto


   É essa a sensação que as pessoas sentem quando veem o mundo? Velho, isso é o bicho! É que eu acostumei a ficar no meu construto imaginado onde acabei por construir um deserto onde hologramas das minhas relações com as pessoas se mostram através de luz sólida ou algo assim. Algo que vai embora caso tente me agarrar de verdade. Sempre tive mais medo que força de vontade. Sempre tive mais raiva do que tudo no espectro, mas entre medo e força de vontade, sempre tive mais medo. De qualquer forma, a soma disso ainda resulta em esperança.
   De qualquer forma - novamente - o que quero dizer é que fui tolo, assim como os idealistas de quem gosto, em pensar que chegaria onde quero chegar só com a força do pensamento. Fiquei um ano lendo que o mundo é feito das coisas concretas, das relações concretas, de tudo que se expressa concretamente e realmente acredito nisso. Só fui meio muito idiota de não pensar que poderia transpor isso pra uma esfera diferente da qual estou acostumado a enxergar esta lógica. Eu li de novo, não tá confuso.
   Que descoberta genial essa que tive. De genial não tem nada. É mais um genial que explica coisas ocultas, coisas que as pessoas enxergam e sabem inconscientemente como ocorrem e quais são as consequências delas, mas nunca colocaram o óculos certo pra percebe-las de fato. Um exemplo concreto do que quero dizer seria perfeito neste espaço do texto, mas não me recordo de nenhum: esse é o mau de viver no mundo das ideias. Os filósofos clássicos estavam cegos demais pra ver isso. Ou encantados demais com a descoberta.
   Estou encantado com outra coisa. Encantado com o mundo, com o quanto posso tirar dele (e não de uma forma que os outros fiquem sem) para fazer o que quero, para crescer como eu quero. Era uma coisa que eu sabia lá no auge da minha espertice, aos quatorze anos de idade. Fui esquecendo disso até que tal sacação incrível tivesse escapado de vez da memória. Odeio quando as pessoas dizem "gratidão" pra fora, mas agora entendo o que se passava na cabeça dessa gente tosca.