sexta-feira, 13 de junho de 2014
Psicótica
A verdade é que eu queria fazer disso um desenho. Penso que um negócio mais ilustrado é capaz de traduzir, descrever toda a merda que a gente foi. Com você foi a mesma coisa que aconteceu com a Alice, ela tinha muitos problemas, muitas vergonhas e eu um entendimento metafísico-teórico perfeito de tudo. Nunca entendi os sinais durante todos estes três anos e pouco que eu passei "junto" com a Alice. Junto aqui significa uma ideia de proximidade emocional, até mesmo espiritual, mas sem o comprometimento espacial que a palavra implica. De qualquer forma, você foi muito parecida com a Alice nesse sentido de ter muitas emoções, muito orgulho e não saber manejar isso de forma satisfatória.
Fora isso, tinha essa luta ideológica sua que necessariamente implicava a você a postura de se mostrar completa sem mim. Isso restritamente nunca me incomodou. O que me incomodava eram as viradas de humor que você tinha de uma declaração pra outra... de um "vem me ver" para um "como eu sou idiota" por causa dessa sua identidade. Me incomodava mais ainda o fato de você não me falar as coisas, como se eu não fosse confiável. Como se eu não merecesse confiança. Você parece muito com a outra lá que durou um mês, também. Uma insistência em ficar junto - daquele jeito ali de cima - mas ao mesmo tempo com o pé atrás com medo de tudo acabar e sei lá! Tu ficar sozinha em cima da cama, entre paredes, vendo a vida acontecendo graças a necessidade das pessoas em mostrarem suas felicidades vazias em redes sociais.
Daí a era glacial chega pra gente e, em tese, seguimos nossas vidas. Mas o calor da cachaça fala mais alto e você vira aquele fantasma desagradável em toda conversa rasa que eu tenho com outras garotas, aquele fantasma que do nada aparece e assusta a menina principal, cujo o roteirista deixou viver somente para que ela ajudasse e fosse ajudada pelo menino principal... Mas aqui no nosso filme ela morre. E eu no desespero tento me agarrar em você, mas você não deixa e vou embora. E numa tentativa ridícula de me fazer querer voltar, debocha da minha cara.
Um filme muito querido por mim fala "quando a vida te der limões, você detona eles e cai fora" e foi isso que eu fiz. Tu não deves ter percebido, mas ali no início falei que fiquei três anos com Alice, que se parecia muito com você. Então, se por acaso você se perguntar por que eu não insisti com você, a resposta é que eu não te amo o suficiente pra te ajudar com isso. Na verdade eu nem sei se eu tenho saco pra isso. Mas essa questão da paciência é simplesmente falta de amor pra suportar toda a merda que vem com ficar contigo. Falta de amor completada com raiva.
Quando eu fizer o desenho disso vai ser muito mais legal.
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