quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Primeiras notas sobre o minimalismo





 Há dois anos comecei algo que nunca havia pensado em fazer antes: ser o protagonista do rumo que a minha vida toma. E ao contrário do que você possa imaginar, não foi um evento traumático que me fez tomar essa decisão, muito menos uma chamada pra vida... Eu tinha voltado do trabalho num sábado depois de trabalhar 8h. Provavelmente tinha ido dormir mal na noite anterior e capotei no sofá vendo Youtube. Ao acordar, braço ainda rijo sustentando o celular naquela posição que todo mundo faz quando vê Youtube deitado no sofá, tava tocando um vídeo aleatório, que caiu pra mim depois de uns bons 40min dormindo ao som do Youtube. Era um vídeo da Amy Landino, provavelmente sobre bulet journal, morning routines ou qualquer coisa do tipo. Eu fiquei encantado, era tudo que eu queria ouvir, tudo que eu precisava saber. Daí o pulo pro minimalismo foi quase que instantâneo, e dela passei a ver os vídeos do Matt D'Avela, dos caras do The Minimalist e com eles todos os outros grandes nomes desse estilo de vida que prometia me dar justamente as duas coisas que eu mais busco na vida: controle e propósito.


Não sou um grande minimalista, na verdade. Eu tenho agora mesmo na minha mesa três livros, 4 cadernos, duas garrafas d'água, 3 fones de ouvido, 1 joystick, 1 copo e 1 lixo -- é isso mesmo que você leu. Talvez esteja na minha primeira grande crise minimalista, em que todos os princípios que me ajudaram enormemente ao longo destes dois últimos anos finalmente serão postos a prova pelo caos que deixei se instalar dentro e fora de mim. Eu não virei um minimalista por conta da clareza e sensação de viver o presente. Eu só gosto de espaços pequenos, e nunca pensei que na minha vida eu poderia arcar com ter muitas coisas, então a ideia de focar no mínimo me parecia muito prática. A ideia de ter o essencial contêm em si até hoje toda a sedução que sinto por uma vida em que os ruídos que o mundo e as pessoas fazem não me deixei acordado pra além da zero hora igual fazem agora. Mas assim como tudo na vida, tudo de bom e tudo de ruim, isso acabou. Me encontro cada vez mais parecido com o homem que eu tenho evitado ser, o homem que eu era. E não vejo outra alternativa senão me entregar ao mindfullness, ao agora. Afinal, o que mais temos se não o agora?


Eu não tenho nada.


Sempre quis escrever um texto sobre minimalismo, o que penso, o que acho legal e ruim. Nestas primeiras notas busco exatamente construir uma linha de raciocínio que faça você, leitor, enxergar os motivos pelos quais eu me rendi. Desisti de seguir o minimalismo que sigo até então. Passei todos esses anos fugindo da única coisa que detesto neste estilo de vida. E fora aquele dia em que eu estava completamente desesperado no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UnB, passei a vida inteira evitando. A partir de hoje, buscarei me aprofundar na prática da meditação como uma ferramenta de acalmar meus pensamentos confusos e coração acelerado. Não gosto da ideia. Mas o desespero nos faz fazer coisas que de outra forma nunca faríamos -- com a exceção de que, neste caso em específico, esse desespero chegou pra mim há alguns anos atrás, e agora na verdade sinto o desespero de tentar até mesmo o que não acredito, pois todo o resto que eu botaria a mão no fogo só tem me dado queimaduras.


Com sorte, escrevo outras notas sobre o minimalismo. Obrigado por ler até aqui.


FALOU