As pessoas eventualmente falharão conosco. É inevitável. E essa falha vai doer na gente, talvez vá doer nelas também. Causará ansiedade, desânimo, até mesmo a perda do senso de propósito em dada relação.
Pra quê que sigo insistindo aqui?
Talvez, seja porque você se importa. Seja numa relação no trabalho, com amigos ou aquele alguém especial (me sentindo muito engraçado agora), você percebe que pode tirar muito valor dessa relação, e que a pessoa ou pessoas que você busca construir laços também podem tirar algo do que você tem a oferecer. E, ao falharem com você, é como se elas tivessem atacando a sua boa vontade e disposição em se oferecer à elas, afinal, é um sentimento tão genuíno, sincero, proativo. Por que fariam algo assim?? Porra, é um sentimento tão bom.
Só que não acredito muito nisso, não. Pra mim, somos um pouco mais cruéis que isso. Egoístas. Pra mim, não somos tão altruístas assim.
Fora nos momentos em que somos tomados pela droga mais poderosa do mundo -- o amor -- eu acho realmente difícil se importar genuinamente quando falhamos com alguém. Mesmo quando o Deus-Sociedade nos obriga com sua força onipresente a nos importarmos com os outros, é mais pela coerção social do que por nós mesmos que praticamos o se importar. O motivo tá simplesmente na nossa gana, nosso ímpeto eu buscar satisfazer as nossas necessidades, a vida é uma constante busca por esta reparação. E quando a nossa expectativa de ter a recompensa não se paga, bom, é normal nos sentirmos frustrados. Não é um valor adquirido, mas um sentimento genuíno. A onda que a gente sente quando o que necessitamos dá certo é dopamina pura. Puro ahegao.
Mas, novamente, não acredito muito nisso também, não. Nos importamos somente com o que sentimos, sem qualquer consideração pelo outro. Mas o Egoísmo não é o único traficante que te dá o barato que cê precisa.
Sinceramente não sei te dizer em que medida isso é uma programação do Deus-Sociedade. Ou mesmo se é uma necessidade que ficou engendrada em nossos genes desde a época do homem das cavernas, como a ciência norte americana adora postular. Mas a real é que a gente só curte ser útil. E de alguma forma, acertar com os outros satisfaz nossa própria busca por prazer. É por isso que é legal ajudar alguém. Ver que alguém se abriu com você, ou confia na sua presença. Que alguém te admira por aquilo que te define como único com relação ao resto do mundo que vocês acessam. Quando tiramos nosso próprio valor do ter valor para quem nos importamos, satisfazemos não só o altruísmo inerente ao que aprendemos ser bom e recompensador, mas também ao egoísmo sádico que nos faz virar os olhinhos de prazer. Em contrapartida, você deve entender o que é o amargor na boca quando falhamos com as pessoas para as quais queremos ser úteis, das quais precisamos contorcer para ficarmos bem. Não tem outro nome, não tem conceito,
É culpa.
Nós nunca somente falhamos em fazer algo. Falhamos também com as pessoas que contavam conosco. E conosco, uma vez que ao contrário dos elogios e glórias advindos do nossa solidariedade, recebemos pesar, chateação, resignação, traindo nosso prospecto de satisfação egocêntrica por não termos sido suficientes. Naturalmente, como a boa teoria psicológica ensina, à nós cabe, primeiramente, aceitar. Ficarmos confortáveis com a ideia de que nem sempre faremos o melhor. Às vezes, você vai querer machucar alguém, e vão querer te machucar também. Às vezes, mesmo você querendo se curtir e curtir o momento, você vai ferir alguém. E será ferido também, muitas vezes pelos motivos mais idiotas. O que não é necessariamente sua culpa, mas também, se você não se resolver, cara,
Quem é que vai?
O que nos cabe é justamente reconhecer que nós como indivíduos falharemos perante o Deus-Sociedade e seu rebanho, e também entender que não importa muito quem é que esquentou essa batata, se a música acabou e ela caiu na sua mão, ela é sua pra cuidar. E talvez seja interessante pensar em formas de mitigar a dor da queimadura. Tanto pra você, quanto pros outros.
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Tenho um pedido: estou coletando feedbacks sobre os meus textos. Então se você se sente confortável em dizer o que sentiu deste ou dos outros escritos, por favor, comente!
Muito obrigado.
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