domingo, 13 de junho de 2021

Uma Garrafa de Tenência

 




O básico do minimalismo trandy que tem rolado desde 2010 e hoje percebe-se espalhado no mundo todo tem como princípio, ou processo, o ato de organizar-se materialmente através da eliminação dos itens que não são necessários ou não trazem valor para a vida da pessoa que faz esta organização. Em inglês, esse processo seria uma junção de duas ideias, a de decluttering e curation. 

E sim, aqui eu to dando uma definição de minimalismo fortemente embasada no Leo Babauta e nos caras do The Minimalists.

A ideia é trabalhar os conceitos de decluttering e curation nas coisas materiais da vida para que possamos entender e sentir melhor essas ideias e para que, em seguida, possamos aplicá-las nas coisas que realmente importam: nossa relação com nós mesmos, nossa vida profissional, acadêmica ou educacional, espiritual e também, 

nossa relação com os outros.

Esse é o ponto que quero trabalhar aqui. Quando comecei no minimalismo, eu realmente não tinha muita coisa. E o meu ponto sempre foi criar a partir disso, uma consciência de não ter demais -- Afinal, eu tava num ponto tão baixo na vida que as coisas só poderiam melhorar dali, então eu sabia que eventualmente teria condições de ter mais coisas. E, de fato, passei a ter mais. O que eventualmente se torna um problema, pois a tendência é de que percamos a mão das coisas que tentamos controlar na medida que mais coisas carregamos nas mãos, o que torna toda essa onda minimalista nada mais do que uma roupagem nova pra questões fundamentalmente humanas: Auto-reflexão e auto-avaliação; ou em outras palavras, refletir sobre o que é importante para nós e qual é a melhor estratégia para lidarmos com todas estas coisas em uma prioridade dada. E apesar de ter mencionado o momento da vida em que comecei no minimalismo, ainda não disse necessariamente como comecei e, pra ser sincero, não tem muito o que falar. Em resumo, precisei dizer não para muitas pessoas ou de outra forma eu teria morrido das mais diversas maneiras; e a partir disso, passei a eliminar da minha vida as coisas que me faziam sentir como quando eu estava com elas, assim como o que aparentemente me fortificava mas na verdade só me escondia e me impedia de lidar com a merda na minha frente. Desesperador, de certa forma, mas foi para que hoje eu pudesse me sentir melhor do que me sentia lá atrás. E nisso deu certo, estou de parabéns.

Quase

Infelizmente, acho que em algum ponto perdi a mão de tudo mesmo. Soltei demais, talvez até de coisas importantes, das quais eu devia ter segurado com mais força. Também soltei de menos, e não fiz coisas que deveriam ter sido feitas ou não disse coisas que deviam ter sido comunicadas... Não importa o motivo também, pois tudo que temos são as consequências das coisas que fazemos e as da que deixamos de fazer. Talvez ter dominado a arte de abrir mão das coisas me deixou um tanto vazio e desconectado de tudo. E ok, tem sido muito difícil viver enquanto brasileiro, mas e dai também, sabe? Eu realmente quero deixar uma porra de país dominar os aspectos mais privados da minha existência? Sinceramente acho que não!

E obviamente aqui só posso falar de mim, pois do fundo do meu coração, eu não sei como você que lê isso aqui se sente.

Mas, pra além do disclaimer, você deve ter se perguntado um pouco antes "ah mas se a arte de abrir mão das coisas tem como propósito algum tipo de realização, como você se diz mestre dessa arte sem realizar nada com ela?" E bom, tudo que eu tenho pra te responder é que cê tá certíssima. Não a domino, pelo menos não mais. Sem realização, qual é o propósito de tudo, não é mesmo??

E é exatamente isso que eu tenho me perguntado

Nada tem sido realmente ruim (dado a situação das coisas), mas ao mesmo tempo tudo tem sido ridiculamente insuportável! Você sente isso também ou sou só eu? Não deve ser só eu, pelo amor de Deus! Já me basta o excesso de advérbios, não quero outro traço ridículo de personalidade na minha conta. Mas como o artista que eu gosto de pensar que serei um dia, tenho um certo apreço pela insatisfação. Afinal, nada expressa melhor a estagnação na curva de aprendizagem do que aplicar todo seu conhecimento em algo e ainda assim nada dar certo. Infelizmente, é complicadíssimo tirar motivação deste momento, em específico. E enquanto ele não passa, as coisas vão permanecendo desamparadamente desesperadoras, absurdamente complicadas... Mas pro bem ou pro mal, fundamentalmente humanas.


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O Deathecator é um espaço de exploração e escrita. Considere deixar um comentário para que possamos continuar a discussão a partir das suas considerações e impressões. Certamente será algo do qual eu encontrarei bastante valor, e espero que você que está lendo sinta-se assim também.

Muito obrigado.

FALOU!


terça-feira, 4 de maio de 2021

O que é?




Nesses momentos, tudo que temos são lembranças, né? Começo com as que mais pareciam desagradáveis, tipo a sardinha frita que me era servida quando moleque, sempre à noite, na casa por fazer, deixando toda a situação mais tavernosa do que devia ser. Às tarde de domingo desperdiçadas durante às visitas semanais, vendo Gugu, só não mais longas do que às noites, vendo Faustão. Eu queria tanto voltar pra casa, bicho! Cês não fazem ideia...

Óbvio que eu não poderia me esquecer dos ovos de páscoa Top Milk -- que pelo teor do texto, serão descritos somente como INESQUECÍVEIS e INIGUALÁVEIS -- recebidos durante vários e vários anos, mesmo depois da gente aqui ter ficado mais grandinho. As várias idas e vindas de tudo quanto é lugar possível por conta de um pálio velho... engraçado que eu só lembro da volta do cemitério. Um outro dia terrível, mas que nos leva pra outras lembranças:


as boas


Como, por exemplo, as mais sutis. O carinho nunca mensurado e sempre constante, desde a sardinha e o ovo de páscoa, passando pela comida boa, chegando finalmente no interesse genuíno em saber como eu tava indo na faculdade ou se eu tinha um emprego. A confiança em me ter como motorista do pálio velho. O melhor cobertor dourado do mundo, que só deixa de me abraçar quando o cheiro fica insuportável, e um presente que estará comigo por vários e vários anos ainda -- sendo, no mínimo, o terceiro melhor presente que eu já ganhei na vida, mas certamente o que mais faz diferença nela hoje. --  Madrinha de quem eu mais devo tudo. É impossível passar pela vida sem arrependimentos,

sem erros,

mas o que acho impressionante é talvez sua maior qualidade; é ter preservado um espírito Divino quem sabe tão grande quanto de quem você o aprendeu. A força de agarrar à vida com tudo que tinha. A força de amar a prole acima de tudo que o mundo tem a oferecer. O amor que abraçou filhos que nem eram os seus. Que nem sua mãe fez a vida toda.

O que é? Morreu. O quanto foi destino, o quanto foi tragédia, o quanto foi negligência, o quanto foi assassinato? Beira o redundante dizer que só quem viveu isso sabe quando 400.000 famílias tão sabendo. Seus vizinhos sabem, seus colegas de trabalho sabem, seus clientes sabem, seus patrões sabem.

TODO MUNDO SABE,

mas eu talvez tenha me tornado um pouco mais radical quanto a tudo isso hoje. Sangue meu derramado por bosta, por um bosta, e vocês bostas marchando em prol de toda essa bosta. Dá raiva.

sábado, 1 de maio de 2021

Hoje sonhei que te perdia.


 


Hoje eu tive um sonho.

E nesse sonho, eu te perdia. Eu tava lá, você também, e você chama ele pra conversar. Sem muitas palavras, você diz "eu vou embora". Você estava do lado de onde eu fico, mas por algum motivo do lado esquerdo. "Eu quero ir embora", você falou pra ele. Ele busca entender o que estava acontecendo, "está difícil pra todo mundo mesmo..." -- ele comenta. Você responde, "eu só não aguento mais tomar no cu assim, sabe", enquanto dá aquela risada que poderia muito bem ser um grito de desespero, ou um choro angustiado. Eu vejo a movimentação de onde fico, vocês indo conversar em uma sala maior, mas por algum motivo ela e o corredor ficam do lado esquerdo agora, como se o que tinha ali pudesse sair do lugar. Em menos de cinco minutos, vejo você indo embora, como se eu pudesse ver você indo pra porta. Você já foi. Não olha pra trás, não busca me ver antes de partir, partindo meu coração na saída. Antes que eu pudesse processar, ele volta, estamos conversando agora. Me pede para remanejar meus documentos, dar um título à eles. Eu não entendi. Perguntei o que faríamos sem você, se você tinha ido embora mesmo. Ele disse que sim, e que teríamos que lidar com isso agora.


"It's there... and then it's gone". Eu nunca parei pra notar o quão fácil é pra você simplesmente ir embora. Pra ser sincero, nunca pensei que você iria partir, mesmo depois da fissura. Não sei o porquê, também. É natural querer ir embora de uma situação desagradável, né? E convenhamos, já tivemos dias melhores. Eu não soube fazer nada quando a gente tava bem, nem quando a gente ruiu, nem agora que a gente acabou... e eu não saberia o que fazer quando ce for embora. Não entendem como alguém brilhante pode estar feliz nadando em bosta, mas pra mim faz bastante sentido. O que não entendo é como você se contenta com isso também. Talvez a razão da minha esperança está ai. Como alguém que nunca uma vez na vida esteve satisfeita com algo pode aceitar o que eu aceito também? Que outros "eu aceito" conseguiria ouvir você falar, poderia te falar também? Delirante né?! Eu sei, mas se tem duas coisas que sempre fui, uma delas é sonhador.


A outra, é trágico.

sábado, 19 de dezembro de 2020

For the one I loved I loved the most.


 



Never saw us breaking apart like that. Personally, I think I'm pretty good in seeing how things will turn out. I've seen us ending up together, of course. Little flat in the village, fresh fruit and vegetables whenever we wanted. Everything you wish you'd accomplished eventually going your way. Me following your lead while doing my thing. I'm in peace with the fact I'm Jack. Not a well written one, but cut from the same cloth. If I had you things would be all right. Right like God was never here.

But He is. Fucking everywhere.

I also imagined us following different paths, you eventually finding out someone who could give you all things I couldn't. I can't. Cause let's be real here, I am all you've ever needed. You know that. Always got your back, always loved you right. Thing is, even though you know I'm all you need, you just want more than me. And I'm plenty aware of my shortcomings, which makes it all worse when I realize you're aware of them as well. And you see all I see wrong in me and you not only agree with me, but also decided to go elsewhere because of it. Even here, I'd imagined we would be close together, somehow. I'd go to your wedding, maybe with a plus one. probably not. And I'b be happy for you. Not bittersweet happy, but genuinely happy for you. You got what you wanted. And I loved you so much that's all I wanted for you as well. And next week we would have drinks and shittalk our own children and partners.

But I hadn't imagined we would turn out like this. Pure silence.

Ren Angst.

And I know why I pulled away, of course. You're so clever you might as well have figured it out, too. I tried as hard as I could to walk near you. You just wouldn't walk with me right?? You'd feel like walking with everybody but me, I saw it. And it's fine now. You have felt like it for a while, longer than you could realize, I guess, since we stopped being friends way before all of it crumbled away. Did you see it as well?? It's so sad. But my tears are so dryed up I can't even feel sad anymore. I can't even feel like I loved you the way I did. Isn't it sad?? I'd like so much to hear from you, even though I don't feel like it most of times. Did you cry for me as I cried for you?? I don't even want you to answer me, 

I know you too much for that, after all.


FALOU!!

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Meditei





Como não tenho ficado acordado até às 2 horas da manhã, minhas paranoias passaram a chegar mais cedo, mais ou menos antes do horário que estipulei pra dormir. Acredito ser um mecanismo estratégico de captura que me deixa alerta até às 2h da manhã para que então elas façam a festa.

Hoje eu tava pensando sobre uma amiga minha. Sobre como a gente não deu muito certo, a angústia que me dá quando penso que ela já não quer mais ser minha amiga, que ela desistiu de mim, que eu desisti dela.  Tava pensando no quão implacável sou, o quão justo é ser assim, o quanto me custa ser inflexível. Minha mente correu de um jeito que instintivamente comecei a dar voltas na única área livre que tenho no quarto -- cerca de 1m².

Tenho lido sobre meditação, tenho visto entrevistas sobre como fazer, o que é meditar, quais são os benefícios disso e ainda assim me vi tentado a burlar as regras. Tava crente que tinha meditado semana passada enquanto dirigia e ouvia Hello Peril. Agora sei que não foi bem assim.

Fechei as cortinas, liguei minha luminária contra a parede para dar aquele ar que a luz indireta proporciona, sabe?? -- Quem curte decoração no Pinterest tá ligado, já! -- e então sentei na minha cadeira. Um minuto é o suficiente, depois eu posso aprender a ficar mais tempo aqui. Sentei na cadeira, mas relaxei demais e não achei ser o correto. Não parecia ser o que o vídeo sobre como meditar me ensinou. Arrumei a cama, encostei minhas costas o mais retas possível na parede e comecei.

Foco na respiração.

Não dava dando muito certo, passei a pensar sobre essa amiga. O quanto a gente nunca mais falou de nada que era nosso. O quanto ela se divertia com todo mundo que a gente conhecia, mas comigo era diferente. Há quanto tempo a gente já não era amigo? Custava avisar? Voltei pra respiração, pois está tudo bem ser fisgado pelos pensamentos,

o importante é voltar.

Me arrumei, minhas mãos estavam em uma posição um pouco desconfortável e é importante estar confortável e bem posicionado porque você pode gastar um tempo ali. Acho que já tinha passado de um minuto aqui nesse ponto. Comecei a pensar sobre o dia que dirigi ouvindo Hello Peril, realmente as duas experiências pareciam a mesma coisa, tenho mais um tipo de meditação no meu arsenal de dois tipos de meditação. Voltei a prestar atenção à minha respiração.

E quase desistir. Toda essa situação com a minha amiga não parecia sair da minha cabeça. E fiquem tranquilos que isso não é nenhum tipo de exposição pra ela, se nem quem curte me ler tá lendo, imagina quem dá de mal comigo?! haha

Além do mais, esse aqui é o meu domínio.

E ela não saia da minha cabeça. Será se eu precisava ser tão duro assim? Eu lembro corretamente do que foi que levou a gente a se distanciar? Por que a gente não volta a se falar? Porra, ela é tão importante pra mim, eu devia pedir desculpas,  ver se a gente volta a se falar. Mas eu não tava lembrando errado, o que aconteceu de fato aconteceu. E imediatamente passei a me sentir inquieto. Não era pra ser assim, o Sam Harris me prometeu que não seria assim! Algo estava errado. Relembrei do que me foi ensinado, do método que escolhi pra mim -- que é o "esquece isso de mindfulness, foca na sua postura e na sua respiração". -- Me arrumei novamente e não só capturei o ar ao meu redor como também puxei tudo que tava na minha cabeça pra dentro do meu pulmão.

E foi aí que tudo mudou.

Minha cabeça inteira esvaziou e pude experimentar um silêncio que nunca havia experimentado antes. As motos passavam na rua, os vizinhos faziam barulho, meus pais riam da nova comédia brasileira lançada nos streamings... mas eu tava protegido. Não pude ver, pois estava de olhos fechados -- e também não sei se é assim que vejo essas coisas também, but i digress...-- porém sinto como se ao meu redor houvesse uma camada de silêncio, um vácuo que impedia o som de se propagar no ar, me protegendo de todo ruído -- não só do ruído fora de mim, mas do ruído dentro de mim também, todos os "e se" que me fazem ser tão engraçado, criativo e lamentoso também.--  E não sei muito bem como dizer isso, mas foi quase como gozar calminho. Me sinto muito bem agora. E mal posso esperar pela próxima vez e só sentar num lugar legal, focar na minha respiração, na minha postura, e no silêncio e calma que isso traz.

FALOU!
@koiparadox

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Primeiras notas sobre o minimalismo





 Há dois anos comecei algo que nunca havia pensado em fazer antes: ser o protagonista do rumo que a minha vida toma. E ao contrário do que você possa imaginar, não foi um evento traumático que me fez tomar essa decisão, muito menos uma chamada pra vida... Eu tinha voltado do trabalho num sábado depois de trabalhar 8h. Provavelmente tinha ido dormir mal na noite anterior e capotei no sofá vendo Youtube. Ao acordar, braço ainda rijo sustentando o celular naquela posição que todo mundo faz quando vê Youtube deitado no sofá, tava tocando um vídeo aleatório, que caiu pra mim depois de uns bons 40min dormindo ao som do Youtube. Era um vídeo da Amy Landino, provavelmente sobre bulet journal, morning routines ou qualquer coisa do tipo. Eu fiquei encantado, era tudo que eu queria ouvir, tudo que eu precisava saber. Daí o pulo pro minimalismo foi quase que instantâneo, e dela passei a ver os vídeos do Matt D'Avela, dos caras do The Minimalist e com eles todos os outros grandes nomes desse estilo de vida que prometia me dar justamente as duas coisas que eu mais busco na vida: controle e propósito.


Não sou um grande minimalista, na verdade. Eu tenho agora mesmo na minha mesa três livros, 4 cadernos, duas garrafas d'água, 3 fones de ouvido, 1 joystick, 1 copo e 1 lixo -- é isso mesmo que você leu. Talvez esteja na minha primeira grande crise minimalista, em que todos os princípios que me ajudaram enormemente ao longo destes dois últimos anos finalmente serão postos a prova pelo caos que deixei se instalar dentro e fora de mim. Eu não virei um minimalista por conta da clareza e sensação de viver o presente. Eu só gosto de espaços pequenos, e nunca pensei que na minha vida eu poderia arcar com ter muitas coisas, então a ideia de focar no mínimo me parecia muito prática. A ideia de ter o essencial contêm em si até hoje toda a sedução que sinto por uma vida em que os ruídos que o mundo e as pessoas fazem não me deixei acordado pra além da zero hora igual fazem agora. Mas assim como tudo na vida, tudo de bom e tudo de ruim, isso acabou. Me encontro cada vez mais parecido com o homem que eu tenho evitado ser, o homem que eu era. E não vejo outra alternativa senão me entregar ao mindfullness, ao agora. Afinal, o que mais temos se não o agora?


Eu não tenho nada.


Sempre quis escrever um texto sobre minimalismo, o que penso, o que acho legal e ruim. Nestas primeiras notas busco exatamente construir uma linha de raciocínio que faça você, leitor, enxergar os motivos pelos quais eu me rendi. Desisti de seguir o minimalismo que sigo até então. Passei todos esses anos fugindo da única coisa que detesto neste estilo de vida. E fora aquele dia em que eu estava completamente desesperado no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UnB, passei a vida inteira evitando. A partir de hoje, buscarei me aprofundar na prática da meditação como uma ferramenta de acalmar meus pensamentos confusos e coração acelerado. Não gosto da ideia. Mas o desespero nos faz fazer coisas que de outra forma nunca faríamos -- com a exceção de que, neste caso em específico, esse desespero chegou pra mim há alguns anos atrás, e agora na verdade sinto o desespero de tentar até mesmo o que não acredito, pois todo o resto que eu botaria a mão no fogo só tem me dado queimaduras.


Com sorte, escrevo outras notas sobre o minimalismo. Obrigado por ler até aqui.


FALOU 

sábado, 28 de novembro de 2020

Continue




"Doubt thou the stars are fire,
Doubt that the sun doth move,
Doubt truth to be a liar,
But never doubt I love."

-- William Shakespeare


É um sério perigo se apegar demais as coisas. "O problema é amar demais", já dizia Professor Aquaplay em uma de suas centenas de palestras. Amar demais te faz egoísta, egocêntrico, orgulhoso, violento, inevitável. Apaga a luz dos astros, causa no Sol hipotermia e faz da mentira verdade. Quantas vidas já vi se apagarem no grande esquema das coisas? Quantas vidas, como cinzas, se esvaíram da mão daquele que amou mais do que deveria ter amado? O quão sozinho eles ficaram? O quão dolorido foi deixar de amar? E o quão mais dolorido foi a paz de finalmente conseguir se libertar de tudo o que mais amou um dia? Uma vida desperdiçada frente à uma vida nova. 


"Carry on, my wayward son

There'll be peace when you are done

Lay your weary head to rest

Don't you cry no more"

 --Kerry Livgren

O aperto que dá no peito é surreal, o choro de quem fica é o que comove. Afinal, a morte é só um sentimento. Uma vida desperdiçada frente à uma vida nova. E eu entendo a necessidade de seguir em frente. Mas o quanto dela será desperdiçada ainda? Será se vai valer a pena? Por quê não consigo entender?

Por quê não posso saber agora?

So, carry on,

There's a meaning to life
Which someday we may find
Carry on, it's time to forget
The remains from the past, to carry on"
-- André Matos


FALOU!

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Feliz aniversário, Larissa!





Eu tô com ódio de tudo. Tô com ódio de com você por ter me largado sem nem me avisar. Com você por ter desistido de mim, me deixando cada vez com mais medo de te ver. Com você por ter sido trocada pela namorada principal e ter vindo aqui buscar conforto, atenção -- vai se foder. Com você por não me amar como eu te amo, indo sair com ela como se tivesse esquecido de mim. Com todos vocês por terem esquecido o aniversário da Larissa. Comigo por não ser alguém digno da presença dos outros.

E eu tenho que abrir mão de tudo isso. Por mais que eu queira me segurar nesse ódio e deixá-lo me queimar enquanto eu queimo todos vocês, filhos da puta... eu só tenho que abrir mão de tudo isso. Toda vez que abro mão daquilo que me devora, eu cresço, me torno melhor, mais esperto. Ainda mais grato pelo que ficou. Eu tô me odiando. Tô odiando todos você. Mas vou abrir mão de todo o ódio. E espero que vocês sejam levados juntos também.


@koiparadox

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Diário de Sentimentos #2: O Deboche



Se cê só vive uma vez, cê tem de viver do melhor jeito, não é?? A vida é só mais um baú que cê pega, aproveita puxa papo com aquela pessoa interessante no banco da frente, elogia o brother com uma peita foda, pergunta do perfume que a moça do lado tá usando, fala que cê quer presentear sua senhoura com o mesmo frasco. Ouve um som alto, faz um charme, porra. Nem que seja no terminal, no baú todo mundo tem de descer.

E a tua parada tá chegando.

@koiparadox


terça-feira, 4 de agosto de 2020

Diário de Sentimentos #1: Desamparado




Tive essa ideia de escrever todo dia aqui sobre algo que tenho sentido até o mês que vem. Vamos lá?

Sinto como se não fosse adiantar. É aquela sensação de se ver impossibilitado, entende? Vou explicar como aconteceu:
Estava lá eu de bobeira pela praça quando numa roda de outros amigos meus estava ela lá, falando de si, de suas urgências, desejos, mudanças... E eu gostei. Ela adora dizer que é comunista e eu também, vou fazer o quê?! É o que tenho feito por todos esses anos, toda noite ando na praça, vejo as praças dos outros e lá está alguém que eu gostaria muito de amar, não me perder de amor, sabe?? É mais um amor besta, fraco, quentinho. Obviamente pensei na gente junto, passeios na praia, cerveja gelada, todo o clichê. E aí veio. Eu tava botando meu amor para ninar, me sentindo muito bem com aquilo tudo. Olhei no espelho e quando me vi foi como se tivessem me explicado o como 2+2=4. Eu sou o problema. Muito antes de mim já me fizeram o problema. Não terei nada que quero pois o que eu sou é errado. O que eu sou. E é verdade mesmo. Eu sou o que tem de errado. Quer me convencer que não, filho da puta?! Tenta!! Prova que não sou o que me impede de fazer o que quero, de ter o que quero ter, de viver o que eu quero viver, de ser feliz. "Ah mas o mundo é assim errado mesmo o importante é você..." Não importa! Porque o mundo me fez ser o problema. Ele ganha. Eu perco. Simples assim. Nós dois sabemos disso. "Mas você sabe o Átila..." Foda-se o Átila. Ele tá certo, mas foda-se do mesmo jeito. Porque quem tem de lidar com a dor de olhar tudo que eu quero ir embora antes mesmo de ficar por eu ser quem sou, sou eu. Quem tem de olhar pra toda uma vida e lembrar exatamente de todos os momentos que matei todas as oportunidades que eu tive de ser feliz hoje sou eu. O que é que você sabe?? Cê acha que me entende?? Você não entende nada. Se você não cala a boca e chora, você não entende nada. Você me conhece há anos e nunca nem me viu de verdade, vai achar agora que sabe de alguma coisa?! Enquanto você não puder fazer nada além de calar a porra da boca e chorar,

você nunca vai saber como me sinto.

@koiparadox