segunda-feira, 11 de março de 2013

Ô Benhê



Sabe, benhê, a gente nunca teve - e nem sei se teremos - uma relação. A gente já brigou, já ficou triste, já se presenteou (você me deu uns negócio do Judas Priest. E uma lhama. E cocaína em caderno. Eu só te dei textos sem destinatário), já nos demos carinhos, mas nunca amor. Não o amor que a gente via as pessoas se dando pelos cantos aí.
Eu já te falei da nossa ampulheta? É aquele prédio que começou a ser construído quando a gente se conheceu. Quando você era uma punk do Tim Burton e eu um assassino. Eu nunca te contei, mas eu sempre vi aquele prédio como o tempo que a gente tinha: seja pra resolver nossas coisas, seja para nós. Aquele prédio é a cristalização do tempo que nós possuímos para as coisas darem certo. Eu vejo aquele prédio - ou ampulheta - como o tempo que eu tinha pra construir minha vida ao seu lado. E enquanto o prédio não estivesse construído, nós também não estaríamos resolvidos. E por resolvidos, digo juntos ou separados, ou nem um nem outro, mas resolvidos.
Se não me engano ele já tem até espelho agora.
Eu realmente perdi muito tempo com você, por você e para você. O prédio tá lindo, tá em pé, quase respirando. E quando ele tomar o primeiro suspiro, nós morremos. Morremos porque as coisas funcionam assim mesmo. Sejamos a eternidade que tanto queremos conquistar, certo? E se der certo, sejamos na eternidade dos outros que viveram pra contar de nós.
E é isso, por mais que eu esteja longe, você te tornas eterna através da minha eternidade. E sempre será assim. Você é aquela que eu tinha mas nunca tive,e a Paralax zizekiana nunca fez tanto sentido quanto agora.
E por mais que eu ponha Hegel e seu discurso da montanha sobre o altar, não me conformo com a realidade que vivo.E quase não lamento. Lamento o fato de você ter sido somente uma lição. Porém saiba que eu aprendi, e já comecei a praticar o ensinamento. Por exemplo: esse texto. Ele é um conjunto de sentidos e significados de você, mas não você. E muito menos para você.
Esse texto é para outra pessoa.

Um comentário:

  1. Eu adoro essa sua analogia, você sabe. E mesmo você sendo um ridículo, eu vim comentar aqui. Mas não pense que vim por causa de você, vim pelo texto u.u

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